Um dos equívocos da chamada “rádio de palavra” é que tal formato não significa, necessariamente, informação apesar de, em muitas situações, os animadores e locutores surgirem, aos olhos de quem interage nas emissões, travestidos de jornalistas. A somar à confusão de papéis profissionais (que deveriam estar perfeitamente diferenciados) e à ausência de informação juntam-se, em muitos casos, modelos de entretenimento de duvidosa qualidade.
A este propósito, ouçam-se as horas e horas de emissão dedicadas, pelo RCP, à participação da selecção portuguesa no Euro 2008. Toda e qualquer futilidade serve para motivo de reportagem e conferências de imprensa, plenas de declarações vazias, têm direito a serem transmitidas em directo. Sem qualquer tratamento e sem serem sujeitas a critérios editoriais. Logo, onde não há edição, não há jornalismo. Sobra em propaganda o que fica a faltar em informação.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
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2 comentários:
está muito bem dito e titulado...mas estas "paroles, paroles, paroles" será apenas defeito do rcp ...?!
Duas observações ao comentário do anónimo das 15:25
1) Estamos de acordo que se ouve por aí, nos audiovisuais, muito palavreado sem qualquer conteúdo informativo. Se, no caso presente, trouxe à liça o RCP foi porque a própria estação se assume como uma “rádio de palavra” que privilegia a informação.
2) No post, o que procurei pôr em causa, para além da contaminação da informação pelo entretenimento (tendo este maior ou menor qualidade, mas essa já é uma questão mais subjectiva) foi a ideia que uma “rádio de palavra” tem obrigatoriamente implícita a adesão a regras jornalísticas. Em várias situações tal não acontece e esse é um dos equívocos que convém desmistificar.
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