Um outro guião da rubrica "Transmutação", submetido ao visto prévio na mesma data (27 de Março de 1971), teve ainda menos complacência por parte dos censores. Levou um corte de alto a baixo, o que inviabilizou a sua realização. Tratava-se de uma produção feita com base no poema de Thiago de Melo "Estatutos do Homem", na altura largamente difundido através de um poster com venda pública autorizada e que muitos jovens portugueses escolarizados exibiam nas paredes dos seus quartos. Para a fúria censória terá certamente contribuído a sonorização feita com faixas musicais de autores que assumiam algum tipo de compromisso social e que embora não estivessem no index de músicas proíbidas de passar na rádio ganhavam outra dimensão ao serem entrosadas no poema. De resto, após as primeiras emissões da rubrica, em que apenas nos pediam o texto para submeter ao visto prévio, os autores foram sendo compelidos a especificar também as músicas nos respectivos guiões.
Os dois documentos seguintes referem-se a textos "não aprovados" destinados a um programa de jovens universitários de Luanda, em 1973/74, e do qual podem ser ouvidas duas emissões mais abaixo. No primeiro caso, a "Carta à minha professora" era a reprodução de um poema publicado num jornal angolano, mas que não teve autorização para ser lido na rádio. O segundo texto foi elaborado a partir de uma notícia e o motivo do corte foi a expressão assinalada a vermelho que, presumivelmente, abalava a decência e os bons costumes do censor.
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