sábado, 3 de maio de 2008

A edição em rádio

Continuo a achar que é uma falta de respeito pelos ouvintes repetir programas, transmitidos originalmente a uma determinada hora, num outro horário sem qualquer tipo de edição. Exemplo: este sábado, depois das 3 da tarde, no programa “Toda a Tarde” do RCP, ouvir dizer “bom dia” no decorrer da entrevista de João Adelino Faria a João Lagarto, transmitida dias antes durante a manhã. Quem apanha a entrevista a meio não sabe que, no início, avisou-se que se tratava de uma repetição. Ao proceder desta forma esqueceu-se que uma das características da rádio hertziana é ser irrepetível e deixar “ir para o ar” um “bom dia” às 3 da tarde, além de disparatado, é nitidamente uma desconsideração por quem ouve.

A meu ver, este é apenas um sinal de um quadro mais vasto que revela a importância, cada vez menor, dada à edição em rádio. Bem sei que sai mais caro, exige recursos técnicos e humanos, mas também sei que é a única maneira de se apresentar dignamente um produto previamente gravado (a não ser que a opção seja pelo live to tape e, nesse caso, tomam-se à partida os devidos cuidados para se evitar este tipo de “ruídos”).

Por analogia com o que se passa na imprensa ninguém ousaria passar para o papel de jornal a transcrição, pura e simples, de uma entrevista com as referências temporais que surgem ao longo de uma conversa, sem o devido enquadramento, nem com as interjeições (eh pá) ou as interrupções para justificar as ideias (um bom exemplo está aqui, onde se pode comparar o vídeo contendo excertos da entrevista com o texto escrito no jornal). Mas há rádios em que, jornalisticamente falando, parece que tudo é possível!...

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