quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Obesidade mental

O texto circula na Internet, em vários blogues e páginas escritas em português, citando um suposto livro que teria por título "Mental Obesity" e cujo autor, Andrew Oitke, seria um alegado catedrático de Antropologia de Harvard. O problema é que não existe nenhuma outra referência disponível, nem do livro nem do autor. A Amazon não detecta a obra e a Universidade de Harvard desconhece o professor. O que não invalida que se deixe de reconhecer que o texto, seja lá de quem for, está bem escrito e lança pistas pertinentes para a reflexão sobre o ponto a que chegou a dita sociedade da informação:

Foi em 2001 que o prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro Mental Obesity, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e do conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»

Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os "hamburgers" do espírito, as revistas e romances são os "donuts" da imaginação.» O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.

Com uma "alimentação intelectual" tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam, depois, uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado Os abutres, afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.» O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.» Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.» As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma "idade das trevas" ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Porque será?

Jornalistas cansados da profissão. Vi a dica aqui.

Infoinclusões... dos outros

Como é costume, Manuel António Pina disse tudo em pouco mais de uma centena de palavras.

"O inquérito do costume". De Manuel António Pina no JN.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Mais uma acha para o debate

"Cada vez mais, a informação está previamente organizada, não pelas redacções, não pelos jornalistas, mas pelos agentes e pelos assessores. Quem tem informação manda em quem investiga, escreve e transmite. Grande parte da informação é encenada e manipulada, de acordo com as conveniências. (...) Só a independência dos jornalistas poderia fazer frente a este domínio inquietante. Mas esta é um bem raro. Até porque os empregos na informação são cada vez mais precários." - António Barreto no jornal Público de 27/01 (link só para assinantes).

Será que é preciso o olhar do sociólogo para detectar a debilidade e a manipulação de que é alvo a classe jornalística face ao poderio das organizações de comunicação? Definitivamente, os jornalistas reflectem pouco sobre os condicionalismos inerentes ao exercício da profissão.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Só para abrir o apetite...

" (...) a relação entre políticos e agências de comunicação, publicitários e técnicos de marketing é um dos sintomas da degradação da política contemporânea." - Pacheco Pereira no jornal Público de 26/01 (link só para assinantes)

"Acho que Santana Lopes ganhava em ter consultores de comunicação" - Luís Paixão Martins no seu blogue Lugares Comuns.

Este debate, entre os dois, promete!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Mais educação, maior inclusão

Mais do que a idade ou a capacidade económica, é a educação o factor fundamental que determina a maior ou menor inclusão digital nos EUA. Segundo dados do Pew Internet, somente 7% dos norte-americanos que concluiram formação superior estão fora da rede.

(dica de marcos palacios em Jornalismo & Internet)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Para onde vai a TSF?

Os comandantes já começaram a abandonar o barco. O director José Fragoso foi para a RTP. O director-adjunto Luís Proença está a caminho da SIC. A navegação à vista foi entregue a Paulo Baldaia, uma solução encontrada no seio do grupo Controlinveste, a quem a administração pediu para "manter a TSF como uma grande estação e a maior rádio de informação em Portugal". Só não se sabe até quando. Tendo em conta as alterações que se anunciam na lei da rádio e a assumida aposta da Controlinveste, este ano, na televisão e no desporto, o que é que poderá sobrar para a rádio de informação?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Luís Osório e Paulo Sérgio voltam a cruzar-se na rádio

Paulo Sérgio é o novo director de programas do Rádio Clube Português (RCP). Segundo o director da estação, Luís Osório, a escolha justifica-se pelo facto de Paulo Sérgio ser "uma das pessoas mais bem preparadas no meio rádio".

Os caminhos de Luís Osório e de Paulo Sérgio voltam a cruzar-se na rádio depois de, em 2003, o actual director do RCP ter iniciado o seu percurso radiofónico como comentador num programa conduzido por Paulo Sérgio na Rádio Renascença. Nesse mesmo programa participava também o psiquiatra Daniel Sampaio, actual comentador do RCP.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Infoinclusões... dos outros

Coisas que os outros sabem. De João Villalobos no Corta-fitas.
Para quê o tal canal? De João Pinto e Castro no ...bl-g- -x-st-.