terça-feira, 28 de julho de 2009

O pecado original do RCP

O projecto do RCP, desenvolvido sob a liderança de Luís Osório, teve um pecado original que, deve dizer-se em abono da verdade, não passou sequer pela opção do formato - a chamada rádio de palavra.

Desde o início, a estratégia da Prisa foi clara: envolver os agentes políticos, económicos, culturais e desportivos, convidando protagonistas para as mais variadas participações na emissão num registo em que o jornalismo e a promoção se confundiam bastas vezes. Começando por alimentar vaidades pessoais e seduzindo instituições, o RCP procurava, posteriormente, replicar noutros agentes o seu grau de influência, alargando assim o poder da estação de rádio no conjunto da sociedade.

Só que, quem participa fica sempre à espera de algum tipo de retorno, mais que não seja ao nível da visibilidade e da notoriedade. A partir do momento em que o reconhecido poder do grupo Prisa não foi tendo tradução nas audiências a influência do RCP foi-se desvanecendo.

É preciso que se diga que o busílis da questão está sempre na consistência com que o projecto é executado. Se não houver estabilidade, suportada por uma liderança credível e coerente, não há marketing que disfarce a situação. Ao fim de algum tempo, terminado o benefício da dúvida, a capacidade para seduzir os agentes vai diminuindo e a ambição pela capacidade de influência morre na praia.

No caso presente, uma a uma foram falhando as apostas da estação porque o RCP teve um pecado original chamado Luís Osório. O director-geral da estação não conseguiu estabilizar a equipa e os exemplos foram-se multiplicando: os directores de programas e de informação não aqueciam o lugar, os lugares da restante estrutura eram periodicamente alterados e as entradas e saídas de pessoas sucediam-se a um ritmo assinalável, entre as quais um número significativo de estagiários. Quanto aos profissionais que iam ficando, exceptuando o grupo de indefectíveis que constituía o núcleo duro do director-geral, acabavam por se conformar perante a falta de uma alternativa laboral consistente. Acrescem a isto, as constantes mudanças na grelha de programas e as apostas em "estrelas" que, sucessivamente, se vinham a revelar erros de casting.

Devo ainda dizer que, após a avaliação pessoal que fiz no final de 2005 e que me levou a abandonar o projecto no ano seguinte, nada do que se passou posteriormente me espantou sobremaneira. De resto, não haveria muito mais a esperar de quem, há quase quatro anos, chegou à Media Capital com um histórico lastimável no jornal A Capital a que juntou, apressadamente, uns conceitos sobre rádio colados a cuspo e umas ideias assopradas ao ouvido a propósito da estação onde ia entrar. Os episódios posteriores apenas me levaram a reforçar a convicção de que, desde o início, se tratou de tentar pôr de pé um projecto político travestido de um projecto profissional.

domingo, 26 de julho de 2009

Visões premonitórias de Marshall McLuhan

1960:
"Hoje, quando o movimento da informação se tornou, de longe, a maior indústria do mundo (...)"

"Hoje, na situação da circulação instantânea da informação, a oferta cria a procura (...)"

"O «interesse humano» testemunha o momento em que o público passou a ser o espectáculo. Nesse momento, foi desencadeada uma revolução política radical, a do nascimento do meio de comunicação de massas. Esse meio de comunicação caracteriza-se por a mensagem não ser dirigida
para o público, mas por entre o público, qualquer que ele seja. O público é simultaneamente o espectáculo e a mensagem."

1966:
"A espantosa dinâmica ou padrão da informação eléctrica consiste em envolver cada vez mais o público como força de trabalho, em vez de lhe lançar coisas para consumir ou como espectáculo."



Através destes exemplos pode ver-se como Marshall McLuhan soube identificar e sublinhar algumas das tendências emergentes mais importantes na comunicação de massa do último meio século. Porém, fosse devido à sua formação de base (humanísticas) ou à falta de tempo útil de vida (n. 1911- f. 1980) McLuhan acabou por não conseguir tirar todas as consequências do papel da economia nas mudanças tecnológicas e nas respectivas implicações sociais.

O envolvimento do público, a interacção crescente nos media electrónicos, tem-se traduzido, sobretudo, numa mais-valia comercial para as empresas que McLuhan tão bem apontou ao referir que o padrão era "envolver cada vez mais o público como força de trabalho". A suposta dimensão emancipatória que poderia consubstanciar a participação do público em ganhos de cidadania ainda não conseguiu sobrepor-se às lógicas do consumo.

sábado, 18 de julho de 2009

Comentadores/Entrevistadores

Perguntas inocentes:

Pedro Marques Lopes - comenta aqui como empresário e entrevista aqui como jornalista?
Pedro Adão e Silva - comenta aqui como militante socialista e entrevista aqui como jornalista?