terça-feira, 5 de maio de 2009
O país dos fala-barato
A opinião responsável e fundamentada tem de continuar a ser livre, mas a exibição da ignorância e do disparate, que vai ganhando cada vez mais terreno no espaço público, não pode ser colocada ao mesmo nível. A não ser que o objectivo seja fomentar o país dos fala-barato.
terça-feira, 7 de abril de 2009
O futebol na rádio
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Tal como há 35 anos!...
A emissão, difundida em 11 de Fevereiro de 1974, foi realizada com base no livro "O desastronauta", de Flávio Moreira da Costa, publicado originalmente em 1971. Então como agora, o tango "Cambalache", utilizado como epílogo musical do progama, retrata os sinais de um tempo confuso, sem referências criteriosas, e em que se fica muito a dever a uma esclarecida dignificação de valores:
Que siempre ha habido chorros,
maquiavelos y estafaos,
contentos y amargaos,
valores y dublés...
.................................................
Hoy resulta que es lo mismo ser derecho que traidor..!
Ignorante, sabio, chorro, generoso o estafador!
Todo es igual! Nada es mejor!
Lo mismo un burro que un gran profesor!
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Rádio e jornalismo
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
E se a televisão falhasse?
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008
A apresentação em rádio
segunda-feira, 9 de junho de 2008
A invasão dos marcianos

Passam este mês 50 anos. Às 20 horas e 5 minutos do dia 25 de Junho de 1958 a Rádio Renascença iniciava a transmissão de "A invasão dos marcianos", uma emissão que constituiu um marco inovador na produção e realização radiofónica em Portugal. Este trabalho de Matos Maia replicava no nosso país, o programa feito 20 anos antes, nos EUA, por Orson Welles a partir de "A Guerra dos Mundos", um romance original de H.G. Wells, adaptado para rádio com um guião em forma de noticiário. Apesar de ser um remake e de, também entre nós, ter sido apresentado como uma ficção científica radiofónica, nem por isso o programa deixou de ter um enorme impacto junto de milhares de ouvintes e o próprio Matos Maia acabou por ir ter de prestar declarações à PIDE, a polícia política do regime de Salazar, no final da emissão.

Na transcrição do guião do programa, que o livro acima reproduz, pode avaliar-se um dos grandes méritos da adaptação, justamente aquele que diz respeito à utilização das técnicas mais adequadas para relatar um acontecimento: reportagens, entrevistas com testemunhas, opiniões de especialistas e autoridades, efeitos sonoros e som ambiente. Todos estes ingredientes, apresentados sequencialmente em episódios exaltantes seguidos de pausas para respiração, constituem uma autêntica lição de jornalismo radiofónico. Antecipando o que viria a ser feito, mais tarde, nas rádios de notícias - o acompanhamento em directo de acontecimentos extraordinários - o programa "A invasão dos marcianos" ficciona a transformação numa emissão contínua dedicada ao acompanhamento exaustivo de uma determinada situação após a transmissão de um breaking news interrompendo a programação normal.

domingo, 25 de maio de 2008
José Nuno Martins sobre Adelino Gomes em 2008
domingo, 4 de maio de 2008
A edição em televisão
«Os jornalistas fazem cada vez menos a "edição" das "peças", das imagens e das reportagens dos "enviados" e "metem os brutos", isto é, põem no ar as sequências em bruto, tal como chegaram dos "enviados" ou das agências. O "directo" é o maior incentivo à preguiça que se conhece. Dispensa trabalho e reflexão.» (link só para assinantes).
Ora, convém não esquecer, os excessos a que assistimos actualmente na televisão começaram pela rádio, quando se quis carimbar a "rádio em directo" com o selo que garantiria automaticamente a qualidade do produto radiofónico, conforme já referi aqui:
«E não basta a transmissão da actualidade em directo para que o efeito surpresa funcione. Aliàs, já é tempo de acabar de vez com o mito rangeliano da "rádio em directo", tal é o uso e abuso que se tem feito do conceito. Para além de já quase nunca surpreender (são as conferências de imprensa na hora dos telejornais, são as declarações previsíveis, são as entrevistas de circunstância), quando se justifica, e na falta de grandes repórteres, o directo em rádio (e já agora também em televisão), tende a ser formalmente pobre e a fazer apelo às emoções mais primárias, quando não é, pura e simplesmente, idiota."
sábado, 3 de maio de 2008
A edição em rádio
A meu ver, este é apenas um sinal de um quadro mais vasto que revela a importância, cada vez menor, dada à edição em rádio. Bem sei que sai mais caro, exige recursos técnicos e humanos, mas também sei que é a única maneira de se apresentar dignamente um produto previamente gravado (a não ser que a opção seja pelo live to tape e, nesse caso, tomam-se à partida os devidos cuidados para se evitar este tipo de “ruídos”).
Por analogia com o que se passa na imprensa ninguém ousaria passar para o papel de jornal a transcrição, pura e simples, de uma entrevista com as referências temporais que surgem ao longo de uma conversa, sem o devido enquadramento, nem com as interjeições (eh pá) ou as interrupções para justificar as ideias (um bom exemplo está aqui, onde se pode comparar o vídeo contendo excertos da entrevista com o texto escrito no jornal). Mas há rádios em que, jornalisticamente falando, parece que tudo é possível!...
quinta-feira, 1 de maio de 2008
A minha amiga rádio não é possessiva
Recuso-me a ligar a televisão porque, já sei, é mais possessiva do que a rádio na medida em que me obriga a aplicar dois sentidos (visão e audição). É também mais absorvente porque me impede de continuar a ler.
Assim sendo, opto pela rádio. Apenas com a audição, assumida como escuta secundária, e em acumulação com a leitura proporcionada pela visão, satisfaço a minha necessidade de conhecer a actualidade. E não me desligo do livro, o que seria bem mais improvável perante um caleidoscópio de imagens e sons.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
E as sinergias de grupo???
segunda-feira, 24 de março de 2008
O Jornalismo e a Rádio
Exceptuando a informação desportiva e algumas reportagens de figuras ímpares como Fernando Pessa, Artur Agostinho ou Maria Leonor, o jornalismo radiofónico só começou a ter identidade própria com o serviço de noticiários do Rádio Clube Português, no final dos anos 60. Ainda assim, os "noticiaristas" do RCP não eram reconhecidos como jornalistas tout court. As crónicas parlamentares de Viriato Dias, no programa “Página 1” da Rádio Renascença, já nos anos 70, constituiam uma excepção à regra na medida em que eram asseguradas por um jornalista encartado.
Foi só após o 25 de Abril, mais concretamente em 1976, que a rádio passou a ter nos seus quadros jornalistas com carteira profissional, atribuída aos então designados redactores-locutores. Para além da redacção de notícias, os jornalistas da rádio passaram a ter também a responsabilidade de assumir os outros géneros jornalísticos, como a entrevista ou a reportagem, até aí assegurados indistintamente por outros profissionais.
A estabilização deste processo acabou por resolver os equívocos resultantes de situações em que profissionais de rádio não jornalistas pudessem, com a sua actuação, enviesar as técnicas e a deontologia próprias do jornalismo. Até que, passados mais de trinta anos, a concretização do projecto de uma rádio que se apresentou com ambições de ter um forte pendor informativo, o Rádio Clube (Português), vem relançar a ambiguidade ao colocar jornalistas e apresentadores/locutores a par, nas mesmas funções, como acontece, presentemente, na série de entrevistas a 20 personalidades do Porto, conduzidas por um apresentador e por um jornalista convidado ou, como também já sucedeu, apenas por dois apresentadores da estação.
A questão, de resto, não é inédita no RC(P) onde o programa “Debate Público”, um fórum de discussão com características eminentemente informativas, não é conduzido por jornalistas, mas sim por apresentadores/locutores, cuja função não está sujeita às normas de equidade, distanciamento e independência próprias do jornalismo.
Perante tal situação, fica a perplexidade que me leva a suscitar duas interrogações. Afinal, qual deverá ser o papel dos locutores/apresentadores, nos espaços com carácter jornalístico, de uma rádio assumidamente informativa? Poderão eles, em algum caso, não ser jornalistas?
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
As três palavras-chave para a reinvenção da rádio
A estética
Antes de mais, a rádio é som, seja nas suas componentes de palavra, de música, ou de criação de ambientes sonoros que podem ir do silêncio absoluto até ao incómodo ruído. Perante esta vasta paleta de tons e sons é óbvia a importância que deve ser atribuída à sonoplastia e à sonorização. O pouco cuidado formal, fruto do desinvestimento que o meio rádio tem vindo a sofrer nos últimos anos, ajudou a que se chegasse a um ponto em que quase deixaram de ser questionadas a pertinência do tratamento sonoro, as características elocutórias, a concepção plástica do material emitido. Assim sendo, foi ficando por caminhos ínvios o idealismo que me levava a declarar, no Manifesto Cacimbo 73, com a impetuosidade e a ingenuidade própria dos 20 anos, que a arte radiofónica, definitivamente, era um facto. Desde então para cá, o conceito da rádio entendida como um objecto artístico foi regredindo sendo, hoje em dia, praticamente residual. O desenvolvimento da indústria não se compadeceu com as veleidades estéticas e o que acabou por imperar foi o fast-food radiofónico. Todavia, a mais recente evolução tecnológica, aliada à exigência decorrente da segmentação dos públicos, abriu uma janela de oportunidade para a revalorização da estética radiofónica se esta souber constituir-se numa mais-valia para a indústria.
A emoção
O som, antes de ser psíquico, é físico. Daqui decorre, imediatamente, o princípio de que nunca deve ser escamoteada a repercussão fisiológica da matéria sonora. Por outro lado, o ouvido é um sentido primordial. Antes de desenvolver qualquer outro sentido, mesmo antes de ver o que quer que seja, já o feto ouve correr os fluxos sanguíneos das artérias e das veias na barriga da mãe. Assim sendo, a envolvência auditiva começa a manifestar-se ainda antes do nascimento e acaba por desencadear processos cognitivos particulares que nunca irão deixar a razão, própria do ser humano, anular completamente a emoção associada aos sons. É esta sensibilidade e a hiper-importância específica do mundo do ouvido que o meio rádio não pode descurar. De resto, a inter-dependência entre a razão e a emoção, que as neurociências tão bem têm documentado nos últimos anos, encontra na produção radiofónica um vasto campo de análise. Uma voz imaculadamente límpida pode não resultar significativamente se não transmitir algum tipo de empolgamento. Assim como um registo tecnicamente perfeito pode perder-se no éter se não conseguir fazer passar um qualquer sentimento. É, justamente, este lado afectivo que produz a magia do som e é da amálgama com os factores racionais que resulta uma complexidade do fenómeno auditivo que só o contributo da emoção consegue explicar plenamente.
A surpresa
Finalmente, a surpresa. A rádio tem de surpreender. Não é por acaso que uma emissão limite como a encenação que Orson Welles fez de "A guerra dos mundos" ficou para sempre como um paradigma da rádio. Pelo contrário, a previsibilidade é o primeiro passo para que o ouvinte mude de estação ou se desinteresse do que está a ouvir mesmo se, porventura, não desligar o receptor. E não basta a transmissão da actualidade em directo para que o efeito surpresa funcione. Aliàs, já é tempo de acabar de vez com o mito rangeliano da "rádio em directo", tal é o uso e abuso que se tem feito do conceito. Para além de já quase nunca surpreender (são as conferências de imprensa na hora dos telejornais, são as declarações previsíveis, são as entrevistas de circunstância), quando se justifica, e na falta de grandes repórteres, o directo em rádio (e já agora também em televisão), tende a ser formalmente pobre e a fazer apelo às emoções mais primárias, quando não é, pura e simplesmente, idiota. Porém, se conjugarmos numa produção formalmente apurada, emoções dignamente representadas com motivações de ordem racional, fazendo uso dos processos interactivos facilitados pelo desenvolvimento tecnológico, poderemos verificar como o espaço público da rádio no século XXI ainda pode ser surpreendente.
Concluindo, o futuro da rádio não estará em causa se a estética for apurada, se a emoção não for completamente submetida à supremacia da razão e se não for descurada a capacidade de surpreender. Já sabemos que as playlists limitam a surpresa nas rádios musicais, mas um programa informático mais aleatório, conjugado com uma apresentação formalmente inovadora e estabelecendo uma forte ligação emocional, pode ultrapassar o handicap e fazer a rádio ombrear com a opção por leitores de mp3. E o mesmo se passará com qualquer outro formato. Do relato das actividades desportivas às performances (as artes performativas podem ainda vir a ter um interessante ciclo de vida na rádio), da entrevista à reportagem. E nem sequer a rádio de palavra (tida como insubstituível) resistirá ao digital se se limitar apenas a ser instrumental, racional e previsível, isto é, um bocejo. Se quiser vingar, qualquer formato, seja ele qual for, terá de ser esteticamente apelativo, emocionalmente forte sem deixar de ser digno, nunca perdendo de vista a capacidade de produzir algum efeito de surpresa junto de quem ouve.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Para onde vai a TSF?
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Luís Osório e Paulo Sérgio voltam a cruzar-se na rádio
Os caminhos de Luís Osório e de Paulo Sérgio voltam a cruzar-se na rádio depois de, em 2003, o actual director do RCP ter iniciado o seu percurso radiofónico como comentador num programa conduzido por Paulo Sérgio na Rádio Renascença. Nesse mesmo programa participava também o psiquiatra Daniel Sampaio, actual comentador do RCP.