Quando ouço alguém fazer a distinção entre “boas” e “más” notícias pelo tom positivo ou negativo e não aferindo-as pelos critérios de noticiabilidade, sobretudo se for um jornalista a fazê-lo, fico logo de pé atrás.
Das duas uma: ou é ingénuo ou tem uma “agenda própria” escondida, que passará por um posicionamento ao lado de um qualquer poder mais do que na defesa do jornalismo.
Por norma, são os governos e as autoridades que assumem o papel de sublinhar o tom positivo da informação pública. Habitualmente, com pudor. Outras vezes descaradamente, como aconteceu recentemente na Roménia.
O jornalismo, ao contrário da propaganda, não é positivo nem negativo. Por isso, quando se ouve invocar a defesa das “boas” notícias vs. as “más” notícias convém parar para pensar e ver a quem interessa o alastrar da onda de optimismo.
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2 comentários:
E já agora, é bom saber a quem interessam as "más" notícias e o alastrar da onda de pessimismo.
Se o jornalista deve precaver-se do excessivo optimismo dos governos, também é bom que não feche os olhos ao excessivo alarmismo de certas instituições e grupos sociais que se servem da critica permanente (independentemente da cor politica do governo) para se manterem sob o foco da comunicação social e assim, continuarem a existir.
josemendes
O jornalista tem é de precaver-se com quem pretende "vender" a ideia de que as notícias se distinguem pelo tom e não pelos critérios de noticiabilidade. Quem, habitualmente, fala de notícias "positivas", "negativas" ou "neutras" são as instituições sujeitas ao normal escrutínio do jornalismo numa sociedade democrática. Se um facto é relevante e significativo é sempre notícia, desde que se enquadre e contextualize devidamente. Como nos ensina Peter Drucker, o mais importante na comunicação é ouvir aquilo que não é dito. É também esse um dos papéis do jornalista.
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