domingo, 18 de março de 2007

O futuro dos "media" sem mediadores?

A crescente interactividade proporcionada pelos media origina que os consumidores estão a tornar-se cada vez mais os produtores daquilo que consomem, num registo de circularidade que marca a era digital. Neste sentido, o circuito tende a fechar-se directamente entre produtores e consumidores, sem haver lugar a mediadores. Esta ligação directa entre produtores e consumidores terá outra consequência: mais tarde ou mais cedo a situação implicará o desvio das compensações atribuídas até agora aos mediadores para retribuir a componente produtiva dos consumidores. Estes, por enquanto, ainda se satisfazem com a abertura do palco que lhes é proporcionada consumando o egocasting e até admitem pagar para participar nos media, como pode ser visto neste resumo de um trabalho académico. Porém, há-de chegar uma altura em que os consumidores reivindicarão prestações pecuniárias, tal qual os profissionais que funcionam actualmente como mediadores. Seja como for, a concorrência será cada vez maior, devido ao espectro alargado de candidatos ao protagonismo, uma situação que servirá para a indústria refrear as veleidades retributivas dos cidadãos/consumidores. Nesse tempo, a cidadania será um conceito muito mais lato do que é hoje e o consumo não terá a carga condicionante que ainda mantém. Os consumos, ligados directamente à produção e à satisfação de necessidades cada vez mais individualizadas, serão entendidos como emancipadores, tal qual os contributos que cada um efectivar com vista a uma alargada participação cidadã.

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