terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pacheco Pereira na rádio

A maior fragilidade da rubrica "Vírus" de Pacheco Pereira no RCP (2ª a 6ª feira às 09h20, com repetição às 17h50) é a evidência com que surge um manto didáctico envolvendo os temas que o autor acha por bem tratar. E é isso que liquida, à partida, este projecto radiofónico. Uma rubrica de rádio deverá, obviamente, ter substância, mas não pode ser isso que sobressai. Para quem escuta, o primeiro nível de atenção é lúdico e vai para o "embrulho sonoro da embalagem", donde resulta que na rádio a forma não possa nunca ser descurada. Ora, o tratamento ao nível da sonoplastia, dos tempos de locução, dos ritmos, são matérias que Pacheco Pereira obviamente não domina, para além de uma voz monocórdica deitar por terra qualquer aproximação a uma composição radiofónica esteticamente atraente. No fundo, Pacheco Pereira limita-se a produzir um comentário pobremente sonorizado que aparece travestido de uma peça radiofónica. E uma rubrica deste género, ainda por cima numa rádio comercial, não pode constituir-se num segmento de uma rádio-escola.

Ao começar a reflectir e a teorizar sobre estas questões, já lá vão 35 anos, proclamei que "é necessário ultrapassar a fase da rádio didáctica". No momento actual, em que se regista um notório incremento das condições para a interactividade, a responsabilidade é ainda maior. "O estímulo do emissor, quando a forma de impacto for a mais correcta, acaba de vez com a passividade cíclica do receptor e obriga-o, quanto mais não seja, a raciocinar. Eventualmente a agir. Além do mais, este processo é muito mais criativo. Obriga-nos a pensar não só no que se deve dizer, mas na forma mais correcta de emitir a mensagem."

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto a juntar ao facto de que o nível de saturação do Pacheco Pereira atingiu o limite há muito. Este homem ocupa mais tempo no espaço mediático do que aquele que merece.

Quem valoriza a opinião do Pacheco Pereira (e há-de haver alguém) tem vários meios onde a obter.