terça-feira, 11 de setembro de 2007

A gramática e a plástica da rádio

Toda a gente concordará facilmente que a linguagem do meio rádio é específica, relativamente à imprensa, à televisão ou, no caso presente, aos blogues.

Também a execução formal e a apresentação de um produto radiofónico deverá pressupor que o comunicador possua determinadas características e conhecimentos que são próprios do meio rádio.

Vem isto a propósito de quão penoso tem sido acompanhar os primeiros dias em antena da nova aposta para as tardes do RCP, Ana Sousa Dias.

As hesitações, as falhas na condução da emissão, os sucessivos pedidos de desculpa aos ouvintes e uma suposta informalidade revelam, sobretudo, um ténue conhecimento da gramática e da plástica da rádio por parte de alguém que, manifestamente, não está talhada para a função que lhe quiseram atribuir.

Não estão sequer em causa a experiência e os atributos de Ana Sousa Dias como jornalista/entrevistadora. Porque ela, no “Janela Aberta” do RCP, é muito mais do que isso. Como tal, ou se preparava devidamente para conduzir uma emissão com proficiência ou, então, não aceitava dar voz e desempenhar uma tarefa específica de um meio que, nitidamente, não domina.

Assim como não é normal que um jornalista formado no meio rádio salte directamente para responsável pela paginação da mancha gráfica num jornal ou para repórter de imagem numa televisão, o inverso também não deveria acontecer.

Apesar da tendência crescente para a convergência dos meios e polivalência de funções há especificidades do trabalho jornalístico que exigem um acumular de experiências e conhecimentos que devem ser adquiridos na retaguarda.

Porém, actualmente na rádio corrigem-se os erros e aprende-se “no ar” esquecendo que, mesmo no pára-quedismo, se começam por fazer os primeiros ensaios em terra.

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