terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
Os novos consumos mediáticos
Na sequência do post “Pensar os jornais” de JPP, do feedback de leitores do ABRUPTO, e dos contributos para o debate lançados nos blogues INDÚSTRIAS CULTURAIS e BLOGUITICA, permito-me dar uma achega centrando-me no âmbito da interacção, apontada por PG como a saída para a crise por que passam os jornais. Ao competir com os novos consumos mediáticos gerados pelos audiovisuais e pela rede, a imprensa (nomeadamente a dita “de referência”) pode chegar a soluções para o impasse em que se encontra tirando partido das conclusões a que se vai chegando com as experiências interactivas noutros media. Neste resumo, que documenta um trabalho feito por mim no âmbito de um programa doutoral, pode ver-se como a interacção deixou de ser um fenómeno linear, sem estar exclusivamente vinculada quer a aspectos de consumo, por um lado, ou a aspectos de cidadania, por outro. Em vez disso, parece cada vez mais claro que a interacção estabelece correlações com a cidadania e com o consumo a partir de uma lógica em que uma nova prática cidadã interage directamente com a cultura do consumo através de um modelo de convivência que gera um novo paradigma de cidadania e que transforma o receptor em produtor. Assim, a crescente interacção vivida através dos media ajuda a explicar a emergência do conceito de cidadãos-consumidores, no qual a cidadania deixa de ter apenas uma dimensão sócio-política, mas passa também a ter uma dimensão sócio-comunicacional, cultural e económica. Por todo este conjunto de razões, a mudança em curso no sentido dos consumos mediáticos interactivos não pode deixar de levar em linha de conta que o perfil dos cidadãos (das elites e não só) se alterou e que tal como diz Pacheco Pereira “é preciso ir mais longe na análise da crise e pensar as questões de forma (…) como questões de conteúdo”.
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