quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Jornalismo em directo nos audiovisuais

A entrevista do major Valentim Loureiro ontem à noite na TVI ilustra, de forma exemplar, as debilidades do jornalismo em directo nos audiovisuais. E mostra mais um aspecto do colapso da informação perante as fontes. De facto, são elas que, cada vez mais, ditam as regras. Numa entrevista como a de ontem, onde é que está a capacidade de edição do jornalista, se as perguntas são atropeladas sistematicamente pelo entrevistado que acaba, inclusivé, em tom jocoso a dizer ao jornalista para se preparar melhor da próxima vez? Como é possível, numa situação daquelas, hierarquizar e enquadrar as respostas?

Uma alternativa possível seria adoptar a postura do comediante Jon Stewart, no Daily Show, um programa cujo formato replica com humor uma emissão informativa clássica. Na sua actuação, Stewart corta cerce qualquer possibilidade de não ser ele a conduzir as entrevistas usando as mesmas técnicas dos entrevistados, por mais exuberantes que eles se apresentem.

Entrevistar "à séria" nos audiovisuais pode revelar-se uma missão suicidária para o jornalista e para o jornalismo. Nesse caso, a informação deixa de ser um exercício de busca do rigor, servindo apenas para alimentar o circo mediático. Deixa, aliàs, de ser jornalismo, passando apenas a ser um espectáculo, de duvidosa qualidade.

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