terça-feira, 18 de setembro de 2007

Memória de elefante

A propósito da dispensa de António Sérgio pela Rádio Comercial têm sido escritas algumas incorrecções, nomeadamente quanto ao percurso profissional do radialista, por exemplo, aqui.

António Sérgio não começou na Rádio Renascença, em 1977, com o programa "Rotação". Já no início dos anos 70 podia ser ouvido na mesma Renascença, ao lado de Odete Ferrão, apresentando o "Encontro para dois" ou, então, no "Tic-tac", dois programas que não se identificavam sequer com qualquer cultura musical de vanguarda, antes pelo contrário, e onde imperava a chamada "música ligeira".

E não se pode, sequer, invocar o facto de se estar antes do 25 de Abril porque, na mesma emissora e na mesma época, havia programas com conteúdos musicais e formas de apresentação muito menos convencionais como, por exemplo, o "Tempo Zip" ou o "Página 1". Assim sendo, a participação no "Encontro para dois" ou no Tic-tac" apenas pode ser entendida como uma deriva no percurso profissional do então "jovem e inconsciente" António Sérgio que viria, posteriormente, a marcar a rádio através dos seus programas de autor.

Por isso mesmo, o respeito pelas três últimas décadas do trabalho de António Sérgio justificam plenamente um sublinhado por baixo da caracterização feita aqui, no post Go West, onde se lê que "agora, um rapazote velho e meio-néscio despediu-o". Eu não diria melhor.

2 comentários:

Jorge Guimarães Silva disse...

Estão acrescentados no meu blogue estes dados. A informação (que, está visto, está errada) tinha sido retirada do DN.

Anónimo disse...

Ainda mais elefante:
1. Odete Ferrão era a própria mãe do António Sérgio. Os programas eram, aliás, familiares porque o produtor (no tempo dos produtores independentes) era o pai. Família de radialistas, portanto.
2. Antes disso, na madrugada da Rádio Renascença, noite sim, noite não, António Sérgio apresentava uma selecção musical mais "trendy".
3. Trabalhou também na A&R (Artistas e Reportório) da "velhinha" Valentim de Carvalho, do Chiado, com atenção especial aos novos grupos de rock português. Ao mesmo tempo, lançou - um tanto clandestinamente - uma editora "underground" que chegou a ter algum êxito.