quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Jornalismo em directo nos audiovisuais

A entrevista do major Valentim Loureiro ontem à noite na TVI ilustra, de forma exemplar, as debilidades do jornalismo em directo nos audiovisuais. E mostra mais um aspecto do colapso da informação perante as fontes. De facto, são elas que, cada vez mais, ditam as regras. Numa entrevista como a de ontem, onde é que está a capacidade de edição do jornalista, se as perguntas são atropeladas sistematicamente pelo entrevistado que acaba, inclusivé, em tom jocoso a dizer ao jornalista para se preparar melhor da próxima vez? Como é possível, numa situação daquelas, hierarquizar e enquadrar as respostas?

Uma alternativa possível seria adoptar a postura do comediante Jon Stewart, no Daily Show, um programa cujo formato replica com humor uma emissão informativa clássica. Na sua actuação, Stewart corta cerce qualquer possibilidade de não ser ele a conduzir as entrevistas usando as mesmas técnicas dos entrevistados, por mais exuberantes que eles se apresentem.

Entrevistar "à séria" nos audiovisuais pode revelar-se uma missão suicidária para o jornalista e para o jornalismo. Nesse caso, a informação deixa de ser um exercício de busca do rigor, servindo apenas para alimentar o circo mediático. Deixa, aliàs, de ser jornalismo, passando apenas a ser um espectáculo, de duvidosa qualidade.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pacheco Pereira na rádio

A maior fragilidade da rubrica "Vírus" de Pacheco Pereira no RCP (2ª a 6ª feira às 09h20, com repetição às 17h50) é a evidência com que surge um manto didáctico envolvendo os temas que o autor acha por bem tratar. E é isso que liquida, à partida, este projecto radiofónico. Uma rubrica de rádio deverá, obviamente, ter substância, mas não pode ser isso que sobressai. Para quem escuta, o primeiro nível de atenção é lúdico e vai para o "embrulho sonoro da embalagem", donde resulta que na rádio a forma não possa nunca ser descurada. Ora, o tratamento ao nível da sonoplastia, dos tempos de locução, dos ritmos, são matérias que Pacheco Pereira obviamente não domina, para além de uma voz monocórdica deitar por terra qualquer aproximação a uma composição radiofónica esteticamente atraente. No fundo, Pacheco Pereira limita-se a produzir um comentário pobremente sonorizado que aparece travestido de uma peça radiofónica. E uma rubrica deste género, ainda por cima numa rádio comercial, não pode constituir-se num segmento de uma rádio-escola.

Ao começar a reflectir e a teorizar sobre estas questões, já lá vão 35 anos, proclamei que "é necessário ultrapassar a fase da rádio didáctica". No momento actual, em que se regista um notório incremento das condições para a interactividade, a responsabilidade é ainda maior. "O estímulo do emissor, quando a forma de impacto for a mais correcta, acaba de vez com a passividade cíclica do receptor e obriga-o, quanto mais não seja, a raciocinar. Eventualmente a agir. Além do mais, este processo é muito mais criativo. Obriga-nos a pensar não só no que se deve dizer, mas na forma mais correcta de emitir a mensagem."

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Interesse colectivo e interesses particulares

Em Agosto, o ex-director do Diário Económico, André Macedo, deixou o jornalismo, actividade na qual se presume a defesa do interesse colectivo, e aceitou abraçar a direcção de comunicação da LPM onde, obviamente, iria defender os interesses particulares dos clientes da agência de comunicação.

Após um dia nas novas funções achou que tinha escolhido mal e depressa e abandonou a direcção de comunicação da LPM.

Será que vamos ver, em breve, André Macedo a pugnar novamente pelo interesse colectivo num qualquer orgão de comunicação social?

domingo, 7 de setembro de 2008

Comunista publica Pacheco Pereira


Estávamos em 1968 e o nome de José Pacheco Pereira começava a aparecer nos jornais. Neste caso, trata-se da edição de 23 de Janeiro de 1968 do suplemento "Juvenil" do Diário de Lisboa, que acolheu um escrito de Pacheco Pereira sobre "Exposições no Porto". O "Juvenil" era, então, dirigido com o crivo rigoroso do comunista Mário Castrim, que ficou conhecido como um impiedoso crítico de televisão na época que antecedeu o 25 de Abril.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A "Vida Mundial" há 40 anos


Em 1968, a revista “Vida Mundial” fazia jus ao nome e apresentava uma panorâmica possível do que se passava pelo mundo. Uma tarefa, apesar de tudo, viável devido ao menor escrutínio por parte da censura em comparação com os temas que tinham a ver com a “vida nacional”, manifestamente minoritários conforme se pode verificar no sumário deste nº 1501.